Corri pelas ruas de Berlim, parei num bar.
Sara: Quero qualquer coisa forte.
Barman: Tens idade para beber?
Sara: Tenho, agora dá-me alguma coisa forte.
Era um rapaz novo ainda… Bebi até começar a ficar muito pouco sóbria.
___
Bill percorria todas as ruas na esperança de a encontrar, entrou num bar. Ali estava ela, sentada ao balcão.
Barman: Eu não te dou mais nada, já estás bêbeda!
Sara: Não estou nada (ria-me), estou só triste… Sabes como me chamo? Sara Shäfer, ahaha, Shäfer, conheces? Sou prima do Gustav dos Tokio Hotel…
Barman: Ainda bem para ti…
Sara: E sabes porque estou assim? Porque aquele… (ri-me outra vez) aquele das rastas sabes? O Tom? Eu e ele éramos quase namorados… E hoje apanhei-o na cama com outra…
Barman: Pena… Olha, como tencionas pagar isto tudo?
Bill: Eu pago. (agarra-me num braço) Vamos embora Sara.
Barman: Bill Kaulitz? Oh, afinal a história da miúda é verdade…
Bill: Nem penses fazer o que estás a pensar fazer (meteu umas notas de cima no balcão) fica calado, nada disto aconteceu…
Sara: Eu não me quero ir embora…
Bill: Mas tem de ser, vá…
Arrastou-me até à rua.
Sara: Larga-me Bill…
Bill: Tu não estás bem, estiveste a beber! Tu já não bebes há imensos anos, lembraste? Tu nem podias sentir o cheiro a álcool!!
Sara: Não és meu pai…
Eu ria-me enquanto falava para ele.
Bill: Anda, vamos para casa…
Sara: Não quero andar…
Bill: Mas tem de ser…
Sara: Tenho sede…
Bill: Quando chegarmos a casa já bebes água…
Ele pegou em mim, eu não me endireitava em pé. Chegámos a casa, levou-me para o meu quarto.
Sara: Não tenho sono…
Bill: Hum… Queres ir tomar um banho?
Ele falava para mim como se eu fosse uma criança, num tom doce e calmo.
Sara: Vens comigo?
Eu já não me ria, estava muito mais calma.
Bill: Está bem, eu vou contigo.
Levou-me para o W.C., eu sentei-me no chão, ele começou a tirar a roupa dele, ficou só em boxers. Levantou-me e ajudou-me a despir, fiquei em roupa interior. Tens de lhe dizer…, pensava ele.
Fomos os dois para baixo do chuveiro, com cuidado ele ia afastando os meus cabelos que, com a água, teimavam a cair para a minha cara.
Bill: Estás a ficar melhor?
Continuávamos debaixo do chuveiro.
Sara: Sim… Mas ainda não quero sair… Abraça-me.
Começava agora a chorar, as lágrimas confundiam-se com as gotas de água que saiam do chuveiro, ele abraçou-me, senti a sua pele tocar na minha. Apoiei a cabeça no ombro dele.
Sara: Porque é que ele me fez isto Bill?
Bill: Porque… Não sei…
Olhei-o nos olhos, a água continuava a cair, ele estava também a chorar. Reconforta-me Kaulitz… Beijou-me, novamente, entre lágrimas e água que caia do chuveiro, beijou-me com a maior das doçuras, com aquele carinho que lhe é tão característico. Olhou-me novamente nos olhos.
Bill: Vamos sair?
Não conseguia dizer nada, apenas disse que sim com a cabeça. Saímos do duche e secámo-nos, foi cada um para o seu quarto, mudei de roupa interior (já estava mais sóbria, mas ainda não estava bem) e vesti o pijama. Alguém bateu na porta da varanda.
O Bill entrou e sentou-se comigo de cima da cama.
Bill: Estás melhor?
Sara: Um bocado… Desculpa…
Bill: Eu é que tenho de pedir desculpa, por te ter beijado…
Sara: Não faz mal… Quero dormir… Mas fica aqui comigo…
Bill: Está bem…
Deitei-me, o Bill deitou-se ao meu lado. Fechei os olhos. O Bill mexia-me no cabelo…
Bill: Desculpa… Tudo isto é culpa minha… Eu apaixonei-me por ti, o Tom descobriu e fez de tudo para que eu fosse feliz, para que eu pudesse avançar sem o ter a ele no meio… (falava baixo) Eu amo-te… Nunca chegaste a ler, naquela noite em minha casa, quando fui ter contigo de noite… Nunca chegaste a ler o que eu escrevi, escrevi um Amo-te em letras grandes, mas, quando olhei para o lado, já dormias, como dormes agora, como um anjo… Custa-me imenso ver-te assim, já sofres-te tanto, a última coisa que eu queria era ver-te sofrer novamente, por minha culpa… O Tom é mesmo um bom irmão, à sua maneira fez com que desistisses dele, mesmo que para isso tivesses de sofrer, ele estava mesmo pronto para tudo… Hoje vi-o a chorar, quando me disse o porquê de ir para a cama com a outra, sei que também lhe custou, e muito, mas ele fez o que achou mais certo. Sou um cobarde, não tive coragem de te dizer isto antes, agora estou a falar enquanto dormes…
Uma lágrima caiu pelo meu rosto És mais importante do que eu pensava… Tudo aquilo tinha uma razão, o Tom tinha feito aquilo para ver o irmão feliz… Acabei por adormecer.
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