terça-feira, 22 de julho de 2008

Capitulo 18

Bill: Estás triste…

Eu continuava a olhar para aquele sitio, ele falava-me com uma voz tão doce…

Sara: Eu vi aquelas torres caírem, I saw everything, I saw my mum and my dad die, e não pude fazer nada…

As lágrimas soltaram-se dos meus olhos, mas estes não se desviavam do horizonte.

Sara: Eu quero lá ir…

Bill: Não quero que vás sozinha… Eu vou contigo… E de certeza que o Gustav também vai querer ir, na última vez que cá estivemos ele passou por lá…

Sara: Está bem… Podemos ir agora?

As lágrimas já caiam com menos intensidade. O Bill virou-me para ele e abraçou-me, a intensidade das lágrimas aumentou.

Bill: Não te quero ver a chorar… Por favor…

Sara: But… hurts too much… this city, my city… reminds me a lot… my parents… I miss them so much…

Bill: Anda, vamos matar as saudades… Temos é de avisar os outros…

Limpei as lágrimas, ele entrelaçou os seus dedos nos meus e fomos ao encontro dos outros.

Bill: Eu vou com a Sara ao Ground Zero.

Tom: Agora?

Gustav: Eu também vou…

Georg: A mim não me apetece, fico por aqui…

Tom: Contigo não quero ficar Georg! Eu vou dar uma volta até aquele parque grande que tu gostas muito Sara.

Sara: O Central Park…

Tom: Exactamente…

Saímos todos juntos do hotel, quer dizer, o Georg preferiu ficar a dormir, o rapaz andava com cara de quem não dormia a algum tempo. Foi cada um para seu lado, o Saki acabou por ir connosco ao Ground Zero, apesar do Bill e do Gustav irem um bocado “diferentes” do habitual, havia sempre alguma pessoa que os reconhecia. Comecei a avistar aquele enorme “buraco”, flashes do dia 11 de Setembro vieram-me à memória. Parei, foi ali, eu estava ali quando as torres caíram, foi dali que as vi cair.

Bill: Que se passa?

Sara: Foi daqui…

Comecei a chorar novamente.

Gustav: Vá lá Sara, não chores mais… Sabes que os teus pais não iam gostar de te ver assim…

Tentei, mas as lágrimas continuavam a cair. Comecei a andar, queria estar mais perto daquele sitio. Havia lá um sitio com os nomes de todos os que morreram ali, estavam lá também os dos meus pais.

Bill estava-se a preparar para ir ter com a Sara, mas o Gustav parou-o.

Gustav: Deixa-a estar.

Ao meu lado estava agora uma senhora, não era muito velha, devia ter uns 40 anos. Estava muito séria a olhar para mim, eu continuava a chorar, com o olhar fixo nos nomes dos meus pais.

Senhora: Excuse me, it’s everything ok?

Olhei para a senhora, nunca a tinha visto.

Senhora: Why are you crying?

Sara: My parents died here… Since that day, I never came here, I went to Portugal with my mum’s family, and now I come back, with my german cousin…

A expressão facial da senhora ficou diferente, começou a sorrir. Está-se a rir na minha cara?

Senhora: Oh my God… You are… I can’t believe it… Miss Shäfer? Sara Shäfer?

Sara: How do you know my name?

A senhora abraçou-se a mim, olhei para o Gustav e para o Bill, eles estavam com cara do tipo “quem é?”, eu só encolhi os ombros e disse que não com a cabeça.

Senhora: Oh minha querida, procurei-te por toda a parte depois do 11 de Setembro!

Então, mas a mulher fala português?

Senhora: Eu era uma grande amiga dos teus pais, já não te deves lembrar de mim, eras tão pequenina… Eles deixaram-me uma coisa para ti…

Sara: Como? Eles não iam ter tempo para isso…

Senhora: Sabes… Quando o primeiro avião bateu numa das torres, começámos a temer o pior. (comecei a olhar muito séria para ela) Sim, eu estava lá, estava com os teus pais na outra torre… Eu consegui sair a tempo, eles não tiveram a mesma sorte que eu… Deram-me uma carta para ti, ando sempre com ela, sempre tive a esperança de te encontrar. (mete a mão no bolso do casaco e tira de lá um envelope) Toma, nunca a abri, esperei estes anos todos, agora, a minha parte está cumprida…

Ao dizer isto, foi-se embora. O Bill e o Gustav (juntamente com o Saki) vinham na minha direcção.

Bill: Quem era?

Sara: Não sei… Disse que conhecia os meus pais… E deu-me uma carta deles para mim… Parece que me procurou por todo o lado depois do 11 de Setembro…

Contei-lhes o que aquela mulher mistério me tinha dito. Comprei duas rosas vermelhas a um senhor que ali passava e pousei-as no chão Finalmente pude voltar aqui, a minha promessa está finalmente cumprida O Bill abraçou-me e voltámos para o hotel.

A banda tinha de ir ao programa da MTV, eu peguei na carta dos meus pais e fui até ao Central Park, sentei-me num dos bancos e abri o envelope.

Se abriste o envelope é porque já não estamos contigo. Um avião acabou de ir contra uma das torres, receamos o pior. Aconteça o que acontecer, nunca te esqueças que te amamos muito. As pessoas estão a gritar…

Comecei a chorar novamente.

Não queremos que chores por nós, relembra sempre os momentos bons que passámos, lembra-te que estaremos sempre do teu lado, iremos sempre proteger-te… Tu não estás sozinha, ainda tens o tio da Alemanha e a família da mãe em Portugal, se nós morrermos, eles virão imediatamente em teu auxilio… Continua a praticar o inglês e o alemão, sem nunca esquecer o português… Diz a todos que gostamos muito deles… Não há tempo para mais, desculpa alguma coisa da nossa parte, estás desculpada de tudo o que queiras pedir-nos desculpa… Não chores por nós por favor, derramar lágrimas não nos vão fazer voltar. Não te esqueças, nós amamos-te, quer estejamos contigo, ou não.

Da mãe e do pai, 11 de Setembro

Ainda não tinha acabado, estava algo mais abaixo.

PS: Gustav, continua a ser aquele irmão para ela, não a abandones nunca. Concretiza o teu sonho, que sejas muito famoso, mas continua do lado dela, e lembra-te: a fama não traz felicidade, por muito famoso que sejas, se aqueles que gostam de ti, se os afastares… A fama não te servirá de nada.

As lágrimas pararam de cair, senti uma enorme paz interior, olhei o céu e sorri. Estou pronta para ir…

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